Assim como já explicou outras vezes, o TSE esclareceu, após as falas mais recentes de Bolsonaro contra o processo eleitoral, que é falsa a afirmação de que a apuração dos votos seja feita de forma secreta em uma sala do tribunal.
Por RENATO ALVES | O TEMPO BRASÍLIA
Bolsonaro em discurso na quarta-feira (27), em ato político no Palácio do Planalto com deputados governistas.
Bolsonaro em discurso na quarta-feira (27), em ato político no Palácio do Planalto com deputados governistas
Foto: Anderson Riedel/Presidência da República
O presidente Jair Bolsonaro disse a uma plateia formada por parlamentares da chamada bancada BBB (Bíblia, Bala e Boi) que as Forças Armadas sugeriram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que militares façam uma contagem paralela dos votos nas eleições.
A declaração foi feita na quarta-feira (27), ao fim de um ato político no Palácio do Planalto com deputados governistas, que teve como estrela Daniel Silveira, o mesmo que teve a pena perdoada pelo presidente logo após ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por atacar instituições da democracia.
Bolsonaro afirmou que uma das propostas das Forças Armadas ao TSE para as eleições deste ano é um computador próprio para receber os votos a fim de que os militares façam uma apuração própria.
Ou seja: os militares atuariam como juízes do processo eleitoral.
Bolsonaro deu a informação em meio a um público que, assim como ele e Silveira, vive desacreditando o sistema eleitoral brasileiro por meio da criação e propagação de notícias falsas. Por isso, muitos deles, como Silveira, são investigados pela Polícia Federal.
Nesta quarta-feira, Bolsonaro voltou a alimentar uma teoria conspiratória criada por ele e seus apoiadores.
“Quando encerra eleições e os dados chegam pela internet, tem um cabo que alimenta a ‘sala secreta do TSE’.
Dá para acreditar nisso? Sala secreta, onde meia dúzia de técnicos diz ‘quem ganhou foi esse’. Uma sugestão é que neste mesmo duto seja feita uma ramificação, um pouco à direita, porque temos um computador também das Forças Armadas para contar os votos”, afirmou opresidente.
Bolsonaro disse esperar que "nos próximos dias" o TSE dê resposta às sugestões dos militares.
"A gente espera que nos próximos dias o nosso Tribunal Superior Eleitoral dê uma resposta às sugestões das Forças Armadas — porque eles nos convidaram, e nós aceitamos.
Estamos colaborando com o que há de melhor entre nós, e essas sugestões todas foram técnicas. Não se fala ali em voto impresso. Não precisamos de voto impresso para garantir a lisura das eleições. Mas precisamos de ter uma maneira — e ali nessas nove sugestões existe essa maneira — para a gente confiar nas eleições", declarou Bolsonaro.
Em agosto do ano passado, o tribunal pediu ao Ministério da Defesa a indicação de um representante das Forças Armadas para a comissão de transparência das eleições.
TSE nega que apuração seja feita em sala secreta do tribunal
Assim como já explicou outras vezes, o TSE esclareceu, após as falas mais recentes de Bolsonaro contra o processo eleitoral, que é falsa a afirmação de que a apuração dos votos seja feita de forma secreta em uma sala do tribunal.
A apuração dos resultados é feita automaticamente pela urna eletrônica logo após o encerramento da votação.
Nesse momento, a urna imprime, em cinco vias, o Boletim de Urna (BU), que contém a quantidade de votos registrados na urna para cada candidato e partido, além dos votos nulos e em branco.
Uma das vias impressas é afixada no local de votação, visível a todos, de modo que o resultado da urna se torna público e definitivo. Vias adicionais são entregues aos fiscais dos partidos políticos.
Na sede do tribunal, em Brasília, é feita contagem desses votos apurados nas urnas. Até a eleição anterior, os boletins das urnas eram transmitidos para os computadores dos tribunais regionais eleitorais, que totalizavam os votos e enviavam o resultado para o TSE.
Neste ano, o tribunal mudou o procedimento e centralizou a totalização dos votos em Brasília.
A Polícia Federal afirmou em relatório concluído em 2018, após uma perícia no sistema eleitoral, que a centralização da totalização de votos das eleições no TSE iria minimizar a exposição dos dados e teria potencial de melhorar “consideravelmente a segurança operacional” do sistema.
Forças Armadas sempre participaram do processo eleitoral
Diferentemente do que dizem os bolsonaristas, os militares sempre participaram do processo eleitoral, ajudando na logística, fazendo a segurança das urnas eletrônicas e participando da fiscalização da apuração dos votos.
Em fevereiro, a pedido do próprio TSE, as Forças Armadas encaminharam propostas para tornar mais seguro o processo eletrônico de votação. Na verdade, foram mais perguntas sobre o processo do que propostas de alterações.
Os militares encaminharam 80 perguntas, respondidas pelos técnicos do tribunal em um relatório de 700 páginas.
O senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) pediu enviou ofícios ao ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Oliveira, que tornassem públicas as perguntas e as respostas. Oliveira não tomou a providência.
Fonte: O Tempo.
https://www.facebook.com/123915661024322/posts/5290779441004559/
Tags
POLÍTICA