A decisão encerra uma neutralidade militar histórica da Finlândia, que compartilha uma fronteira de 1.300 quilômetros com a Rússia.
Por Estadão Conteúdo
Finlândia decidiu solicitar o pedido de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O anúncio foi feito neste domingo, 15, pelo presidente e a primeira-ministra e oficializa o que ambos vinham afirmando desde a semana passada, apesar das ameaças russas de retaliação.
"Este é um dia histórico. Começa uma nova era", declarou o presidente finlandês, Sauli Niinisto, em uma entrevista coletiva.
O Parlamento finlandês deve analisar o projeto de adesão nesta segunda-feira, mas analistas consideram que a grande maioria dos congressistas apoia a iniciativa.
A decisão encerra uma neutralidade militar histórica da Finlândia, que compartilha uma fronteira de 1.300 quilômetros com a Rússia. Havia 75 anos que o país não estava em alianças internacionais, mas desde que o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou suas tropas a partirem em direção a Kiev, autoridades do país nórdico colocaram em xeque o posicionamento de décadas.
Ministro e a primeira-ministra Sanna Marin tinham anunciado na quinta-feira que eram favoráveis a uma adesão "sem demora" à aliança ocidental.
A intenção deve ser seguida por um movimento semelhante da Suécia e confronta com o objetivo de Putin de frear a expansão da Otan para as fronteiras da Rússia.
Neste sábado, Putin disse ao presidente finlandês Sauli Niinistro que acabar com a neutralidade seria um erro que poderia prejudicar as relações entre os dois países. O governo russo descreveu esse movimento como ‘ameaça à segurança’ e disse que pode retaliar, mas não especificou como.
A entrada na Otan necessita da aprovação dos 30 países-membros da aliança e uma oposição turca pode atrapalhar os planos dos países escandinavos. Na sexta-feira, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, acusou os dois países escandinavos de abrigar militantes curdos, considerados terroristas por Ancara, e se disse contra a adesão.
"Não temos uma opinião positiva. Os países escandinavos são como uma casa de hóspedes para organizações terroristas", disse Erdogan a repórteres, citando o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado um grupo terrorista pela Turquia.
O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, afirmou neste domingo que o governo turco está aberto a negociações com os dois países para ratificar a entrada na Otan. Entre as condições, estão o fim do apoio aos curdos, garantias de segurança claras e a suspensão das proibições de exportação impostas ao país.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, garantiu que os dois países nórdicos serão recebidos de "braços abertos" na aliança.
Otan se reúne para discutir adesão de Finlândia e Suécia.
Os diplomatas da Otan se reúnem neste domingo, em Berlim, para discutir os movimentos de adesão da Finlândia e da Suécia. Segundo a vice-secretária geral da Otan, Mircea Geoana, a aliança está confiante de que pode superar a oposição turca contra a entrada da Suécia e da Finlândia.
"A Turquia é um importante aliado e expressou preocupações que são tratadas entre amigos e aliados", disse Geoana a repórteres.
Muitos países apoiaram a Finlândia e a Suécia na reunião e enfatizaram a necessidade de ratificação rápida de propostas de adesão, que normalmente levam até um ano. "A Alemanha preparou tudo para fazer um rápido processo de ratificação", disse a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock
Ela acrescentou que o restante dos chanceleres concordaram que o movimento não deve ser demorado.
"Devemos garantir que lhes daremos garantias de segurança, não deve haver um período de transição, uma zona cinzenta, onde o status dos dois países não seja claro", disse ela.
A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Melanie Joly, afirmou que espera a ratificação "em semanas".
Os aliados, aos quais se juntou neste domingo o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, discutiram a questão das garantias de segurança provisórias para a Suécia e a Finlândia, cujos planos atraem ameaças de retaliação de Moscou.
(Com Agências Internacionais)
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