Segundo o biólogo responsável pelo registro, a cena é rara, pois onças-pintadas e ariranhas evitam conflito direto, por serem predadoras.
Por Jardes Johnson, g1 MT
Onça-pintada conhecida como Patrícia captura filhote de ariranha — Foto: Renan Demétrio |
“Geralmente, as onças fogem, pois as ariranhas são muito agressivas, vivem em grupo e são extremamente ágeis dentro da água. Existem registros de onças e ariranhas se encarando, mas evitando conflitos direto”, explicou.
O biólogo contou que estava guiando um casal dos Estados Unidos, quando recebeu a informação de que a onça estava em um determinado ponto do rio. Ao chegar no local, avistaram o filhote de ariranha escorregando da toca.
“Nós decidimos ir embora para deixar as coisas fluírem naturalmente, até que chegamos perto da Patrícia [onça], que estava apresentando comportamento de caça, e ela rapidamente sumiu no mato. Voltamos ao filhote [de ariranha], pois os gritos dele poderiam chamar a atenção da Patrícia. Quando chegamos, avistamos ela carregando o animal na boca”, contou.
Uma onça-pintada, conhecida como Patrícia, capturou um filhote de ariranha durante uma caçada, no Rio São Lourenço, na região de Porto Jofre, em Poconé, a 104 km de Cuiabá. O registro foi feito pelo guia e biólogo, Renan Demétrio, nesse sábado (27). (veja acima)
🐆 A onça Patrícia
Renan também explicou como é feito o reconhecimento das onças-pintadas e afirmou que não existe uma onça igual a outra. “O reconhecimento é feito pelas manchas, elas são como as nossas impressões digitais, são únicas”.
A felina de 12 anos, registrada nas imagens, já é bem conhecida no Pantanal mato-grossense. Em setembro de 2023, ela foi flagrada protegendo seus filhotes, na época, chamados carinhosamente de Yanomami e Naurú.
Infelizmente dois meses depois, Patrícia foi vista andando sozinha em meio às cinzas dos incêndios que tomaram conta do Pantanal. Os filhotes nunca mais foram vistos, e os biólogos acreditam que eles tenham morrido nos incêndios.
No entanto, Renan contou ao g1 que Patrícia tem uma nova família.
“É interessante notar que as características do corpo indicam que ela está em processo de amamentação. Inclusive, Patrícia carregou o filhote de ariranha até o ponto em que deixou seu próprio filhote escondido, então ela subiu o barranco e sumiu no mato novamente”, afirmou.
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